01 agosto 2006

Há cidades

Há cidades tão únicas, tão faltas de substancia histórica, tão abandonadas à sua sorte por governantes arbitrários, tão caprichosamente urbanizadas que medraram dando as costas ao seu mar – tão cantado noutros tempos-, tão incapazes para falar o seu idioma com a naturalidade das vilas do seu redor, cidades povoadas por gente de mentalidade fechada ás mudanças, ignorantes do sentido mais básico do bem comum, aterrados ante unha rua peatonal, tetraplégicas sen coche, sedentas de concurridas praças de aparcamento, aficcionadas ao futebol, a furar no chã, a agachar canto aparece soterrado, fachendosas da rivalidade de bandeiras com o norte, cidades que cheiram a mar salgada, que disseram adeus a muitos dos nossos, que a falta de muralhas estão fortificadas por ilhas, as vezes petroleadas, as vezes paraísos; urbes nas que os recados mudam em “gestões”, nas que os campanários são antenas de rádio-frequência, nas que arde o mar, nas que a industria morre sen “reconversión”, nas que são impossíveis todas a viagens submarinas, porque camaradas, há cidades que não têm aeroporto internacional.

Luís Martín-Santos plagiado em Vigo pelo Fodido Anano.

Fotografias de Vigo: Estatua de E. Montero Ríos, arredores de Vigo, Bouzas.

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